quarta-feira, 6 de julho de 2011

Do mundo mágico do poeta ao mundo lógico do pensador...


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O Esboço de uma Teoria das Cores (1790-1810) surge na obra completa de Goethe como fruto naturalíssimo de suas preocupações estéticas e científicas, que para ele, sabemos, eram duas faces de uma mesma coisa. Este homem extraordinário que mirava a Natureza com olhos de artista e de investigador, ao mesmo tempo, com dupla libido passional e intelectiva, não se detinha na contemplação tópica da beleza do mundo, que ao simples poeta basta e o faz feliz, porém aspirava com ânsia determinada alcançar as profundezas do fenômeno estético e descobrir o segredo do seu encantamento, a lei interna, necessária e lógica do seu produzir, e que o torna mágico no seu aparecer. Goethe, perante a Natureza, é um Otelo contemplando entre os tecidos do seu leito sua Desdêmona adormecida. Goethe transita constantemente do mundo mágico do poeta ao mundo lógico do pensador. As ninfas conduzem este sátiro, com as evoluções da sua dança fugaz, ao solene recinto das causas primordiais. "  

(trecho extraído da Introdução de Esbozo para una Teoria de los Colores de Goethe (trad. Pablo Simón), Buenos Aires: Editorial Poseidon, 1945)


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